Olá pessoal, todos ficamos sabendo do recente ocorrido no Brasil do caso da criança que supostamente foi vítima de bruxaria e teve o corpo perfurado por 50 agulhas, aqui está uma versão escrita em forma de conto, que nos dá uma imaginação de como teria acontecido. os nomes das pessoas foram retirados e no lugar colocaram nomes ficticios.
Parte I
- Convocaste os espíritos silenciados e eis que os servos da escuridão lhe oferecem a tão almejada vingança – dizia a velha feiticeira – Pois pegue esta caixa. Tu sabes o que deves fazer.
- Mas eu não entendo, será que precisa tanto? – dizia George, abismado com a sugestão da velha bruxa.
- Tu nos procuraste e aqui nós estamos. Tu queres o mal, o mal fará. Aqui estão as 50 garras dos 50 demônios vindos diretamente do centro do inferno. Se quiseres concretizar os teus desejos terá que saciar a fome destas criaturas. Tu irás desistir?
- Claro que não! Isto será fácil. O importante é que aquela vadia pague pelas dores que causou em mim. Me entregue logo esta caixa! – George colocou a pequena caixa branca e olhou sorrateiramente para a velha bruxa, que abriu um pequeno sorriso malvado. O semblante de George foi alterado e ele retribuiu o sorriso de volta.
- Se tu não souberes como proceder, retorne aqui com o menino. Agora desapareça.
- Convocaste os espíritos silenciados e eis que os servos da escuridão lhe oferecem a tão almejada vingança – dizia a velha feiticeira – Pois pegue esta caixa. Tu sabes o que deves fazer.
- Mas eu não entendo, será que precisa tanto? – dizia George, abismado com a sugestão da velha bruxa.
- Tu nos procuraste e aqui nós estamos. Tu queres o mal, o mal fará. Aqui estão as 50 garras dos 50 demônios vindos diretamente do centro do inferno. Se quiseres concretizar os teus desejos terá que saciar a fome destas criaturas. Tu irás desistir?
- Claro que não! Isto será fácil. O importante é que aquela vadia pague pelas dores que causou em mim. Me entregue logo esta caixa! – George colocou a pequena caixa branca e olhou sorrateiramente para a velha bruxa, que abriu um pequeno sorriso malvado. O semblante de George foi alterado e ele retribuiu o sorriso de volta.
- Se tu não souberes como proceder, retorne aqui com o menino. Agora desapareça.
Parte II
Gregory, que mal havia completado dois anos, era um bebê como todos os outros de sua faixa etária. Falava apenas palavras isoladas, mal balbuciadas, ora somente sua mãe lhe entendia, ora somente a avó que cuidava de si. Gregory gostava de brincar com seus bonequinhos num canto isolado da casa, num universo que era só dele.
Ele tinha bonequinhos de soldado, de um índio guerreiro com machadinha, de um cowboy munido de uma espingarda, um cavalo e alguns carrinhos pequenos. Fazia uso das cadeiras da cozinha como um cenário para brincar com todos eles. As vezes o soldado brigava com o índio, que lhe dava machadadas. As vezes um deles até morria para logo ressuscitar.
O pequeno menino morava com seus cinco irmãos. Sua mãe trabalhava como servente em tempo integral. Logo, a vida não era muito boa, mas ele nem mesmo sabia disto, afinal o que pensa um garoto de apenas dois anos? Este era o seu mundo, o único que conhecia, e estava satisfeito com isto. Em sua ingenuidade de bebê acreditava em qualquer promessa e era movido pelo interesse peculiar a todas as crianças de sua idade.
Foi assim, num dia ensolarado qualquer, que seu padastro lhe convidou para ir tomar um sorvete de baunilha e o menino, em estado festivo e feliz, imediatamente pulou em seus braços, já imaginando aquele doce gelado – que sua mãe tanto proibia – descendo por sua garganta.
Parte III
Mariah ainda era muito nova, porém a vida já havia lhe sobrecarregado demais. Com apenas 30 anos, era mãe de seis crianças de três pais diferentes. Por mais que a primeira impressão possa ser esta, não se trata de uma meretriz ou devassa. Se trata apenas de uma mulher ingênua, ignorante quanto ao mal presente na terra, impossibilitada de respirar o ar sombrio que emana em situações perigosas.
Poderíamos dizer que Mariah era apenas uma pessoa sem sorte. Estava ajuntada com o quarto homem desde os seus quinze anos, não se sabe por que, se era pelo insuportável medo de viver em solidão com suas seis crianças ou por continuar a acreditar nos juramentos falsos dos homens que acabava por se envolver.
Seu corpo já não lhe pertencia. Ela não mais se importava com o que diziam por aí. Como tantos outros estavam apenas em busca da felicidade, porém ainda assim não entendia porque ela estava tão distante, como se fosse um sentimento equivalente ao santo graal. Talvez seja por ser tão infante que Mariah não tenha percebido que o homem da vendinha estava lhe paquerando há algum tempo, porém o seu consorte, como num revés, ao observar a espreita, vislumbrou ali o mal em sua verdadeira face.
Para preservar sua dignidade, mesmo que Mariah não tivesse culpa e nem mesmo tivesse consciência dos sentimentos que estavam em jogo, George prometeu a si mesmo que se vingaria desta mulher de um modo que ele jamais seria esquecido.
Parte IV
No trabalho, George estava impaciente. Uma colega notou o seu estranho comportamento e resolveu questioná-lo.
- Diga, homem, o que está acontecendo contigo?
- Minha mulher… Ela deve estar me traindo! Eu não posso suportar isto! Ela precisa ter uma lição!
- Que vagabunda! Porque você não dá um fim nela?
- Por a morte seria um privilégio perto do que gostaria de fazer! Queria marcá-la de uma maneira que ela jamais conseguirá esquecer!
Depois de algum tempo em silêncio, a colega voltou a falar.
- Hum. Posso te falar algo? – diz em tom baixo.
- Diga. – disse George, com o corpo pesado e com o olhar voltado para baixo.
- Você acredita no sobrenatural?
- Mas o que é isto, mulher?
- Pois se você pedir da forma correta, eles te vingarão de uma maneira nunca sonhada por você.
- Não sei não… E como seria isto?
- Apenas visite a feiticeira de Anden, ela saberá o que fazer. Ela já me ajudou antes com outras coisas.
- Uma feiticeira? Bem, nada como uma mulher para arquitetar uma vingança que faça doer bastante. Talvez eu siga o seu conselho.
- Pode ir bem tranquilo. Só que não será uma mulher que lhe trará a solução para os seus problemas, e sim forças do além.
- Que seja! Somente quero que ela sofra!
- Pois assim será. Lembre, porém, que nada é de graça e que isto exigirá sacrifício.
Parte V
Depois de chupar o sorvete, Gregory não sabia para onde estava sendo levado. Na verdade, o menino pouco se importava, uma vez que estava na companhia de seu padrasto. Estava satisfeito e realizado. Entretanto, George tinha outros planos para ele. Com o menino no colo, se direcionou até a empresa que trabalhava. Próximo dali, sua colega já lhe esperava no local combinado. Juntos eles caminharam até a casa da velha bruxa.
- Aqui está ele. – disse George, colocando Gregory no chão, que logo se interessou por alguns objetos da casa.
- Muito bem. Trouxeste a caixa que lhe entreguei? – Questionou a feiticeira.
- Sim. Aqui está. – George tirou a caixa de seu bolso e entregou para a velha.
- Vós devereis segurar firmemente esta criança. – dizia a velha, retirando uma agulha da caixa.
George, um pouco assustado, sentou numa cadeira e chamou Gregory para o seu colo. Disse para o pequeno menino que não iria doer, e que depois levaria ele para brincar. Quem sabe até tomar outro sorvete.
Gregory começou a ficar apavorado. Alguma coisa estava errada. Ele não entendia por que o seu padrasto lhe segurava com tanta força. Logo a sua colega chegou perto e segurou também as suas pequenas pernas. Gregory percebeu que a velha se aproximava com uma agulha e ele começou a chorar.
Quanto mais ela chegava perto, mais Gregory tentava se debater e livrar-se dos seus algozes, porém as tentativas eram em vão. O menino não tinha forças para vencê-los. Conforme ele via a agulha chegar próxima ao seu braço esquerdo, começava a chorar e gritar “Não! Não!”, mas era tarde demais.
A velha introduziu a agulha e seu braço. Gregory urrava de dor e gritava desesperadamente. O seu grito aumentava conforme vagarosamente a bruxa empurrava a agulha até o fim, de modo que ela desaparecesse na pele. As lágrimas não paravam de escorrer por entre os olhos do menino. Ele chorava demais e seus berros poderiam ser escutados de longe. Estava em parte aliviado por ter acabado, porém nunca esteve tão assustado.
Então a bruxa pegou mais uma agulha. O menino entrou em desespero. George e sua colega suavam muito, porém estavam dispostos a ir até o fim. A velha se aproximava.
- Esta segunda agulha representa a garra do segundo demônio. Para que a sua mulher seja entregue as forças do além, todos precisam fincar as suas garras em sua cria menor. Está disposto a continuar com isto? – perguntou a bruxa.
- Sim, porém vá logo com isto. – disse George.
- Então com a vossa concessão, prosseguimos com o ritual.
Então a velha fincou outra agulha na perna do menino. Um novo grito ensurdecedor tomou conta do recipiente. Gregory estava com o rosto inchado e vermelho de tanto chorar. Sua boca parecia que explodir, de tanto que estava aberta para berrar. Seus olhos já nem lacrimejavam mais, talvez as lágrimas tivessem secado, talvez o seu desespero fosse somente vontade de sair dali, não há como saber.
Depois a velha introduziu mais cinco agulhas: uma no pescoço, outra na barriga, outra nas costas, outra nas nádegas e por fim, uma no peito. George, sua colega e a bruxa já nem se importavam mais com o choro da criança, que não parou para um segundo sequer. Cada vez que o gesto se repetia, o medo vinha intensamente maior e os gritos continuavam como na primeira agulha que era fincada na pele.
Ao término, George pegou o menino e tentou confortá-lo.
- Pronto! Vamos para casa agora. Amanhã tomamos sorvete novamente.
E o menino acreditou em suas palavras e se sentiu confortado. No outro dia seu padrasto lhe levou novamente para tomar sorvete e para que a feiticeira lhe espetasse novas agulhas. No terceiro dia, o menino já havia entendido: antes de sair com o padrasto, ficava nervoso e choramingando. Ninguém entendia o comportamento daquela criança, nem Mariah, nem sua avó. O seu universo era compreendido apenas pela bruxa e por George.
Não sabemos, inclusive, o que a criança pensava em meio aquele suplício. O que representava tudo aquilo ela jamais saberia. Porém cada agulhada não configurava somente dor e sofrimento. Cada agulha introduzida era um pedaço de inocência que lhe era arrancada.
Parte VI
No oitavo dia, Gregory ficava colocando a mão na barriga e chorando. Mariah achou que o menino poderia estar doente e lhe levou ao hospital. O médico pediu o raio x de seu estômago e se espantou com o resultado: haviam agulhas em seu corpo. Verificou e percebeu que aquelas agulhas não foram engolidas. O médico pediu raio x de outras partes de seu corpo e vislumbrou outras 50 agulhas espalhadas pelo seu corpo, sendo que uma havia perfurado o seu pulmão e outras estavam próximas ao coração.
Imediatamente o menino foi encaminhado para a UTI para remoção das agulhas que causam risco de vida.
George desapareceu. Mariah está desolada. Quanto a Gregory… Gregory ainda não sabe o que está acontecendo. Mal viveu, então não sabe o que é morrer, tão pouco consegue entender que ele pode estar próximo de deixar a vida. Que está a beira da morte. Numa tragédia do existir encontramos um vazio quanto a significação do por que estamos aqui. Gregory não sabe por que veio ao mundo e nem por que talvez tenha que deixá-lo prematuramente. Gregory não sabe por que foi vítima de tanta barbárie. Na verdade, ele nem sabe o que é barbárie. Sabe apenas que tem medo de agulhas.
E o desfecho desta história pouco importa. Independente de viver ou morrer, Gregory teve sua alma assassinada. Sua infância foi retirada de si e quem sabe o que será deste corpo quando ele estiver maior? Será que terá uma vida normal? E o que é uma vida normal? Seria isto? Aqui se encerra a história sobre o fim da história.
Fonte:http://www.evenancio.com
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